terça-feira, agosto 29, 2006

Férias

Agora que estamos todos a regressar das férias, estava aqui a lembrar-me das últimas que passamos com a avó quando éramos pequenos. Ela gostava muito de colocar a sua dentadura postiça e ir imitar os tubarões para dentro de água. Era uma visão única vê-la dentro do seu fato de banho com as peles todas a cair e a escorregar para fora do tecido, e as mamas flácidas a baterem-lhe na cara, fazendo tan-tan-tan-tan-tan-tan, enquanto corria para a água. Já todos sabíamos: ela ia começar a morder nos pés do pessoal todo que estivesse dentro de água. É verdade que dentro de água ela mais parecia uma raia ou uma manta (pela maneira como as peles se espalhavam na água) que propriamente um tubarão, mas os resultados eram nefastos. Até as alforrecas, principalmente as margaridas, fugiam dela. Sei lá! Nem tenho palavras para descrever, era uma paródia ímpar. Nhac, nhac, nhac, lá ia ela mordiscando toda a gente.
Já a Pamela pegava na sua bóia (e não nas bóias), molhava-se toda e saia logo a correr com a água a escorrer pelo corpo, com aquele bikini vermelho apertadíssimo, sacudindo a cabeleira loira. Passava o dia nisto.
Já o Filipe e o Berto usavam o Jaime como prancha e iam surfar e depois fingiam estar em apuros para que a Pam os fosse salvar, mas tinham azar que ela era apenas figurante e quem os salvava sempre era um peludão que andava por ali com os ditos-cujos a saírem fora do fato de banho como umas lesmas, agarrava nos três e lá lhes fazia respiração boca-a-boca. Começo a desconfiar que eles gostavam. Desde que tinham ido acampar os três sozinhos para tomar conta das ovelhas da avó, diziam ter experimentado coisas novas, e nunca mais foram os mesmos.
Já eu, bem, como não sabia nadar, a avó construía um imenso castelo de areia e prendia-me na torre mais alta e deixava-me lá até que uma princesa me fosse salvar. Nunca aconteceu e como tal cheguei a ficar vários dias na praia até o castelo se dissolver…

Paulo