terça-feira, dezembro 23, 2008

Pinheiro de Natal












A avó sempre foi fantástica nesta época. Todas as coisas que ela fazia para nós eram de fazer vir as lágrimas aos olhos, principalmente os Papos de Anjo. Sim, aqueles com que nós ficávamos depois de tanta porradinha nos olhos por meter o dedo na massa do bolo. Dedo esse, que ocasionalmente desaparecia misteriosamente, mas que servia sempre como fava ou brinde no bolo-rei, dependendo dos gostos, ou do dedo, se fosse o do meio era mesmo para mandar às favas.
Por falar em anjos, naquela época todos os anjos se concentravam de volta dela, o anjo da morte, o anjo raziel e aquele que se achava muito bacano e acabou por se dar mal, o soutien ou satiã ou lá como se chamava… Olhem, era aquele conhecido por anjo caído… a avó rasteirou-o (hehehe) e o gajo deu com as fuças no chão…
As passas da avó eram pedaços de comida bolorenta (já tinham passado de prazo), e nós muito passávamos as passas da avó... (suspiro); Já as rabanadas eram mesmo dadas com a vassoura!
E as filhoses! Nós muito sentimos a falta das filhoses! (ahhhh). Tão macias, tão… tão… As filhoses eram as filhas trigémeas da vizinha do lado…
O que nós também muito gostávamos era de pendurar as meias na chaminé, porque o cheiro e os químicos reagiam com as labaredas. Que belos e coloridos eram os fogos de artifício interiores que rebentavam inadvertida e alegremente pela casa; havia de tudo, queimaduras do 3º grau, escaldões, contaminações radioactivas… E mutações! (daí as criancinhas acreditarem que o trenó do pai natal era puxado por renas).

Por falar em Pai Natal lembram-se quando a avó nos contou a história do Pinheiro? - Pergunta o Filipe
O de Guimarães? – Pergunta parvamente o Jaime

Não! O de Natal… - Corrige o Berto

Ah… Já me lembro – Prilimpimpim pim (musiquinha de conto de fadas) – era um eucalipto…
Pois era… - Diz saudoso o Paulo
E é esta a história do Pinheiro de Natal… - Remata o Filipe - Para o ano voltem que nós contamos a história do Bolo-Rei Escangalhado…



Entretanto fiquem com o nosso Postal de Boas Festas









quarta-feira, outubro 08, 2008

Halloween - Dia das Bruxas (ou a história de como o Filipe virou um sapo vesgo)

Um dia o Filipe, chato como a Pamela, decidiu interpelar a avó acerca de questões que lhe invadiam a mente, como milhões de espermatozóides a caminho do óvulo…
Avozinha que é isso do Halloween?
Netinho, o Halloween é a comemoração do Dia das Bruxas…
Ahhh, o que são bruxas?
Bruxas são mulheres feias e más meu netinho…
Assim como a avó?
PAAAAAAAAAAAFFFFFFFTTTTT (tradução, PIMBA toma lá com o cajado na tola para aprenderes)
EU NÃO SOU MÁ!
C-c-c-claro que não avozinha… (com os olhos esbugalhados tal qual desenho manga e a ver estrelas)
As bruxas fazem feitiços, magias, coisas estranhas… maldades aos outros… e usam cajados…
Pois, nada como a avozinha…. E de onde vêm as bruxas? Vêm com a cegonha também?
As bruxas vêm das Profundezas da Terra.
Das Profundezas da Terra?
Sim, é uma freguesia a 3km daqui…
Ah, já me lembro… é onde a avozinha morava…
ABRAKAZUMMMMM ZIM ZAM PÉRÉRÉ PLIM PLAM PLUM, FIM FAM FUM XÓNÉ (tradução, miúdo chato e inconveniente transforma-te num sapo vesgo, e já agora, mas só se não der trabalho, faz que apareçam foguitos de artificio para adornar o feitiço)
E assim foi, depois dos foguitos brilharem no ar e do fumo amainar que tudo aconteceu e durante os anos que se seguiram fomos obrigados a alimentar o Filipe com uma dieta à base de moscas, pois como já dizia a avozinha: a curiosidade é como um sapo vesgo, tás aqui, tás ali…
Paulo

terça-feira, agosto 05, 2008

TELENOVELA

Para aqueles que aqui têm passado: A razão pela qual não tem havido muitos ensinamentos da avozinha é porque ela anda entretida com a sua novela:


Local: Casa da Marlene. Ela está cantando:
“não vali nada, é mauzinhu como tudo, só dá maus sonhos, mais vali mais que o ouro, o bigui broda já não dá ninhum dinheiru, trágédia na telivisão é qui é verdadeiruuuuuuuuu”
Entra Maria Côqueira correndo:
Marleni! Marleni! Minha nossa cê num sabi qui aconteceu? Padmé di Aljubarrota morreu!
Vixe Maria Santíssima, qui num posso creditá. Como qui foi?
Ela istava viva e dipois num istava mais…
Nóssa Sinhóra i quando foi issu?
Foi entre o Céculo Catorzi e o Céculo Vintxium… dizi qui matarum ela…
Ah, bem ela djizia qui estava pela hora da morte… mais é bom tê certeza dais hora, assim ajuda o Cêssêi a discubri quimqué u criminoso…
É… Mais entretanto vou pá casa tumá banhu pois nóis tem qui mostrá ais maminha pró espectador lá nuis nosso apê, e fazer cenas iróticas…
Sim vai quêtô isperando o padri prálhi mustrá ais minha também…
…300 episódios de maminhas e música foleira depois depois…
Marleniiiiiiiiii, a coisa tá preta!
Tem qui lavá milhó Maria Côqueira, pruque cê num usa Féri?
Á genti num podi fazer publicidadi… Mais olha: Já discubrirum diqui murreu a Padmé? I quim foi?
Num foi Quim não. Há genti qui diz qui foi Anikim
Anikim???
Sim Anikim Bóbó, cê devi lembrá… chamavu eli di Veder
O Veder qui canta nuis Compota de Pérola?????
Naum minina o DartaVeder…
Duis musquiteiro?
Naum Pô!!! Qui cê é BURRAAAA! Áqueli muléque qui andava nais rua di capaceti e roupa preta…
Ah… u qui tinha asma…
Sim, essi meismu… discubrirui qui eli era o pai do Luqui
Ele era pai do Luqui Luqui?
Naum istúpida, o pai do Luqui Iscaiuálquer
Ah! Do Rangê do Texais
Pô… mi isqueci vai?
Isquici… mais pruquê ele iria quêrê matá ela?
Ué… pá ficar com o controle da padaria, né? A filha da Maria qué gémea da neta desaparecida da freira qui fugiu da cadeia e afinau era herdeira da fortuna qui o bigodinho rôbôu, disse que ouviu a filha da parteira que é prima da pastora Jocin Heidi, que está casada cum Pedro nais montanha, pruque foi enganada pelo Barão, dizendo que ouviu que disse que eli istava querendo o Império…
Império???
Sim o Império do Pão… cê é mesmo Burra! Uis neurónio escorregô tudo próis peito…
…300 episódios de coisas parecidas, mas bastante piores que esta depois… (mas sempre com maminhas para o pessoal apreciar)
Marleni! Marleni! Discubrirum!
Discubrirum quê?
Quem matô Padmé di Aljubarrota…
I quim foi?
Já disse prôcê qui num foi Quim… mais dêxeu contá procê… Ela murreu di Cida…
CIDA??? Cê tá guzando né?
Agora não… mais logo quando Felisneu chegá eu vou gozá… na cena dais maminha, cê sabi né?
Sim tábém. Mais mi conta: comu foi CIDA? Si ela neim mustrô siqué ais maminha dela…
Valha nosso sinhô…
Ó conta muié, conta…
Eu contu mais féxámatraca. É assim o Cêssêi, num discubria nada, até qui andou e andou e discubriu… Afinau Tinha CidaVelha…
Xiiii minina quem diria… Ela era fofa… e com uma Véia??? Mau gosto…
Ah Burra!!! Vai chupá caca puruma palhinha…
…drama, drama, drama, sorriso, gargalhada e beijinhos e aleluia: FIM!
Ispera, Ispera, não termina não! Marleni! Marleni! Veim cá. Falta mustrá ais maminha…
Paulo

sexta-feira, julho 04, 2008

Defumar

Havia já algum tempo que a Avó tinha saído para combater o crime organizado. Ele estava organizado numa rua mais abaixo da nossa casa. Daí que foi fácil dar com ele, desorganizar aquilo tudo e voltar para o aconchego quentinho da casa. Digo aconchego quentinho pois a Avó tínha-nos deixado a comer a sua já famosa feijoada atómica e estávamos a divertir-nos com os fósforos a brincar ao jogo da BombAntónia. Pois o primeiro a descobrir os efeitos nefastos dos fósforos sobre a feijoada da Avó, foi o António. Ele virou-se para nós e disse:
- Hmmm,... deve dar um efeito altamente, e como a televisão está avariada...
Sem querer deixou cair um fósforo no momento em que ia se libertar de uma certa pressão quando de repente, CAABBBUMMMM... nunca mais vimos o António. Só ficaram as sapatilhas presas no tecto ainda a fumegarem e a famosa estranha nuvem com a forma de um cogumelo mágico. Nós bem o avisamos para fazer aquilo com umas calças de ganga vestidas, mas nãaaooo..., ele queria aventura e olha o resultado. Não percebo é o porquê de os pássaros tombarem todos.
Foi a partir desse acontecimento que surgiu o famoso processo de defumação. Dáva-se feijoada ao porco, ou a outra espécie de animal que andasse pelas redondezas, atirávamos-lhe um fósforo e era ver o belo efeito. Certo era que dava uma trabalheira convencer o porco, mas como Filipe tinha geitinho para os animais, não custava nada. Dava era uma trabalheira danada limpar aquilo tudo, mas... hmmm... que era bem saboroso, era.
Jaime

quinta-feira, abril 10, 2008

José e o Pé de Chulé

Há muito tempo atrás (10-15 minutos), a avó tinha um neto chamado José, uma vaca e a Pamela. Como lhe faltava dinheiro para os cigarrinhos, decidiu convencer o neto a vender a vaca, só que o coitado era um bocado lerdo, como todos os outros, percebeu mal e levou a Pamela. No caminho encontrou um homem que lhe quis comprar a vaca… a Pamela, digo, mas só podia pagar com feijões, mas que não eram feijões comuns... O José perguntou-se que teriam eles de especial, mas quando viu as minhoquitas a passear pelos seus buraquitos não teve dúvidas: que excelente chili com carne que com eles poderia cozinhar…
Depois de os preparar e comer, José ficou radiante e flatulento. Quando chegou a casa sem o tabaco da avó: PAFFFFTTTT! Passou-lhe logo a alegria e por isso foi para a cama almoçado, mas cheio de fome, contudo, devido aos gases… dormiu quentiiiiiiinho… quando acordou fez-se luz na sua cabeça, pois os gases subiram e um dos outros netos decidiu pegar-lhes fogo. Não é que o gás era inflamável? Era pois! Fez-se um belo de um clarão e tiveram todos que fugir pois pensavam que era uma bomba Antónia, mas não, era um gigante gordo com as mamas grandes, que decidira usá-lo como isqueiro para acender o seu charrinho... errr cachimbo…
O gigante, ou Toninho, como era conhecido pelos amigos da sueca, ficou triste quando a chama se apagou, e como tal deu-se o fim do mundo: as galinhas começaram a por ovos de ouro, as harpas começaram a berrar sozinhas, as fadas perderam os seus poderes, a Pam ganhou um cérebro e a avozinha ficou boa comó milho, só que o cérebro tinha fome e tentou comer a avó, no entanto, ela convenceu-o ao invés disso, a fazer uma festa, e assim, despiram-se e começaram a correr em roupa interior pelas ruas: daí a expressão, o fim do mundo em cuecas! Mas como não há finais felizes, houve um espertinho que apareceu em tanga, só para ser diferente, e o mundo começou outra vez…
Com toda esta azáfama o único que ficou a arder, foi o José, mas como o mundo tinha acabado e recomeçado, como se tivessem carregado no reset, o problema que restou, foi que o gigante ficou com soninho e adormeceu em pé, começou a cambalear, tropeçou no coitado do neto da avó e caiu que nem um grande eucalipto na floresta (há boatos que do outro lado do mundo, uma borboleta tenha sido vista a bater as asas. A borboleta, por sua vez, quando interpelada acerca da questão, negou tudo).
O mural (mural mesmo) da história foi que o José que ficou debaixo do Grande Pé de Chulé… e coitadinho… ficou a cheirar mal até aos dias de hoje, pelo que não houve outra solução, senão emparedá-lo nos fundos da casa da avó, onde pintaram um belo mural em sua honra… há quem diga que ele ficou tão orgulhoso quando soube, que ainda agora, não lhe cabe um feijão, mas também, é normal que assim seja, não há espaço!
Paulo fet. Filipe

sábado, março 15, 2008

O Bébé Cometa (Episódio III – Rafa, O Conquistador)

- Há muito muito tempo (13 dias), numa galáxia muito muito distante (num hospital aqui perto), nasceu nasceu um bebé, de seu nome nome Rafa.
- Queres parar de repetir duas vezes a mesma palavra? PAFTTTTT
- Ai ai! PAFTTTTT - Berrei eu. - Ai?
- Já te avisei… - dizendo isto, a avó pegou nele no ar e disse perante todos nós:
- Finalmente nasceu a criança que vai trazer a unidade e esperança à força. Ou isso, ou vai destruir o universo… de qualquer das formas declaro aqui que tem a minha bênção e a minha protecção!
- Mas avozinha, essa não era a Carolina vai-se chamar Carolina? – Pergunta o Jaime, e claro, PAFFFTTT.
- Se eu digo que é este bebé, é porque é este bebé!
- É este! é este! - saltitava a Pamela pela casa como uma maluca, toda contente, finalmente um rapazinho para ela… ensinar…, e claro PAFFFT, PAFFFT.
- Estou farta de avisar! Vocês são todos estúpidos ou fazem-se?
Entreolhamo-nos e uma nuvem de dúvida pairou sobre nós. Depois fartou-se e foi-se embora sem sequer chover um bocadinho…
A casa da avó está num novo rebuliço. Parafraseando o seu careca pai: “É lindo, tem cabelo e pés enormes.”
- E o ritual? E o ritual? – Gritou o Berto, afinal era o filho dele.
PAFFTTTTT, PAFFFTTT, PAFFFTTTTTT
- Toma lá o ritual!
Parabéns Berto & Andreia.

Paulo

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Fada dos Dentes

Tinha a avozinha ordenado que todos nos alinhássemos lado a lado para que ela pudesse amarrar um cordel aos nossos dentes e na extremidade que apontava para a janela do apartamento, uma bigorna de 800Kg para obter o Record do Guiness do maior arrancamento de dentes em série, quando se lembrou de nos contar a história por detrás do mito da Fada dos Dentes.
A história que estava por detrás do mito da Fada dos dentes (mito era o termo que as fadas usavam em substituição de rabo ou traseiro) era a do Coelhinho da Páscoa!
E assim adquirimos mais uma pérola de sabedoria, mas como a avó estava bem-disposta nesse dia, decidiu contar-nos porque se chamava de Fada dos Dentes, à Fada do Lar.
A Fada dos Dentes, cuja função era ser Fada do Lar, era assim conhecida porque tinha uma grande dentuça. Para falar a verdade tinha aquilo a que normalmente chamamos de “cravalheira”, daquelas com grandes dentes muito tortos e esburacados. O seu nome era Crinalinda (isto porque tinha um cabelo como a crina de um cavalo desde que nascera) de modo que até preferia que se referissem a ela como “a dos dentes”, do que por Crinalinda ou mesmo Crininha.
Mas isto, qualquer um podia ter descoberto, digitando Fada dos Dentes no Foogle (google das fadas), ou verificando na Fidipédia. O que não encontram é a razão pela qual há a tradição de trocar uma moeda por um dente…
Como já vos tinha dito, ela era conhecida pela sua dentuça, e nem todas as fadas conseguiam deixar de gozar com ela por isso, inventando os mais diversos piropos para lhe atirar, e à falta de piropos, atiravam pedras e paus.
Um dia a Crinalinda chateou-se e jurou vingança. Nessa mesma noite visitou todas as fadas que a gozavam, num total de 32, enquanto dormiam e arrancou um dente a cada uma, deixando-lhes uma moeda debaixo da almofada. Na manhã seguinte todas as fadas tinham um dente a menos e a Fada dos Dentes tinha a mais bela dentadura que alguém vira no Reino das Fadas, e por conseguinte o mais belo sorriso.
Infelizmente a partir desse dia, quando passou a ter a cravalheira em ordem, foi quando todas repararam que ela tinha um olho vesgo e descaído e que era feia como uma noite de trovões muito feios.
Obviamente nenhuma abriu a boca para fazer uma piada que fosse, já tinham ido os dentes, não fossem agora os olhinhos…
Já dizia a avozinha em reino de fada põe o olho no dente…

Paulo

terça-feira, janeiro 15, 2008