terça-feira, julho 10, 2007

Toda a verdade sobre os… Metallica

Estava a avó a adormecer-nos, terminando de tocar o “Sympathy for the Devil”, numa imitação perfeita de Mick Jagger – demorou cerca de quinze minutos a meter a língua para dentro e fechar a boca, e uma vez mais entusiasmou-se, saltou de cima da cadeira, furou o amplificador com a guitarra, partiu-a contra o chão, lançou-a contra a testa do Emiliano enquanto berrava como uma louca para delírio dos presentes que choravam de emoção. Ela chegou mesmo a tirar as cuecas e enfiá-las na boca do Jaime para o calar dizendo: “Isto é bem melhor que um autógrafo ou uma t-shirt”.
Pegou num garrafão de água despejou pela sua cabeça abaixo acendeu um cigarro e atirou-se de costas fazendo moche para cima de um grupo de netos que por alguma razão não mais voltamos a ver…
Depois de muito ser carregada pelas mãos dos seus netos pela sala e caminhar pelas suas cabeças, só quando tombou com um baque surdo (TUNK) no chão, pertinho de nós é que notou que algo não estava bem…
“Ó seus #$%&&@ porque é que ninguém me agarrou?!?”
E lá estava, era o Jaime que estava distraído com os headphones a ouvir o seu ranchinho favorito: As Vozes da Cova.
A avó agastada com tal demonstração de anormalidade e monstruosidade, deu-lhe uma cacetada: PTANK!
“Isto fez-me lembrar a primeira banda que eu tive, com o Zé Pifle, o Maneta Guitarrista e o Manel Panderetas… Ah, ainda me lembro, quando começamos, não tínhamos bateria, então usávamos a perna de latão que o Maneta Guitarrista tinha (esse era o nome artístico, o seu verdadeiro nome era Freddy Mercúrio), assim, aqui a avozinha era a vocalista, o Zé Pifle tocava viola baixo (baixo porque o volume do amplificador não funcionava lá muito bem), o Maneta guitarrista tocava solos (era fanático do starwars) e o Manel Panderetas tocava na perna do Maneta.
Tudo apostos, na primeira reunião, queríamos decidir que tipo de musica iríamos tocar, e tivemos algumas divergências: o Manel disse que gostava muito de tecno-punk-fado, e o Zé era mais coro de igreja com black metal, o Maneta era surdo, portanto para ele qualquer coisa servia, e como era mudo, também não se podia queixar. Eu queria uma sonoridade diferente, algo que fosse tipo marselhesa com rancho e uma mistura de batuque neo-zelandês, mas mais refinado. Por fim, não ficou parecido com nada disso, primeiro porque nenhum deles sabia tocar e também porque mais tarde, quando a perna se amassou, fomos obrigados a trocá-la por latões do lixo. O novo movimento musical ficou conhecido como Trash Metal Can (o Can foi abandonado pois as bailarinas de can-can, não paravam de enviar candidaturas para a banda).
Éramos também a primeira banda de celeiro (não haviam garagens), e como tal, toda a gente se queixava dos gritos de dor que saiam dos instrumentos musicais. Fomos obrigados a acolchoar o celeiro todos com caixas de ovos vazias, só que nem sempre estavam vazias, e por vezes os ovos saltavam de todo o lado com o barulho, daí o primeiro single, "flying omelet ", que foi um tremendo de um sucesso no underground. No underground, porque nem tudo foram rosas, pois o single fez sucesso, quando fomos expulsos pelas galinhas, que reclamavam dos malefícios das músicas para os seus filhos e ao mesmo tempo exigiam royalties, o que nos obrigou a ir para os subterrâneos. Nessa altura, o Maneta afundava-se no vício... comia gelatina de limão como louco. Ninguém podia contar com ele, nem para ensaios, nem para concertos, por vezes encontravam-no caído nos becos a cada overdose (isto, porque ele comia a gelatina sempre até ao fim). Até que foi trocado pelo Mustaine que tinha um temperamento muito mais brando e fácil de lidar. Logo de seguida entrou também o Lars, para trocar aquele som de latão da bateria por um som... simplesmente de lata. Pouco tempo depois, o Lars chateou-me tanto por causa da barbie que despedi o Mustaine, mas principalmente porque me disseram que para o seu lugar vinha o Kirk, e eu pensando que era o Kirk Douglas, aceitei… Acabamos por trocar também o Zé pelo Cliff, que infelizmente mais tarde foi substituído, pelo Jason, e agora temos outro, que nunca sei o nome.
O James, ninguém sabe de onde veio… (desconfiaram durante muito tempo que era eu muito mal disfarçada – até hoje, principalmente com a barba grande).
O nome Metallica, surgiu porque eu parecia de ferro, bebia, fumava, levava porrada de toda a gente, mas ficava sempre de pé, então o pessoal quando me via gritava:
Olha, vem aí a Metallica!

Pois é, como vêm a avozinha está ligada a uma das maiores bandas da actualidade. Só grandes músicas… vou tocar-vos algumas do último álbum:
PTANK, PTANK, PTANK, PTANK, SAINT ANGER, PTANK, PTANK PTANK
e depois…
PTANK, PTANK, PTANK, PTANK, SHOOT ME, PTANK, PTANK PTANK
e ainda…
PTANK, PTANK, PTANK, PTANK, TICK-TOCK, TICK-TOCK, PTANK, PTANK PTANK
A banda melhorou bastante depois de álbuns fraquinhos como o “Master of Puppets”, do “…And Justice For All…” e até do “Black Álbum”. Agora sim, faz lembrar os bons tempos em que usávamos como bateria a perna do Maneta…

É como vos digo netinhos: Melhor que Amália só Metallica!

Povo que lavas no riooooo PTANK, PTANK, PTANK, PTANK, que talhas com teu machado as tábuas do meu caixão, PTANK, PTANK, PTANK, PTANK

Paulo & Filipe