Estávamos a comer umas boas febritas à moda da avó, ou seja tão torradinhas e duras que podiam bem ser lascas de madeira carbonizada, pois talvez o cheiro a porco fosse apenas do pé do Filipe que ainda ardia, quando a avozinha depois daquele arroto de satisfação que só ela sabia dar, e passo a citar: “GROWWWWWWWWWWW”, disse:
Hoje vou contar-vos o que aconteceu ao António que trabalhava comigo e com a Glória, mais conhecida anteriormente por Quim das Coubes, célebre cientista enquanto homem no laboratório, e como cantora de fado do Bairro Alto, quando andava nos TT’s da sua velha mãe (Toilettes e Tintóis). Foi assim:
Depois da experiência no Amoreiras, durante uns anos ninguém mais viu ou ouviu falar do António, excepto em algumas canções pimba, embora esses rumores fossem altamente exagerados, afinal as músicas foram feitas 40 ou 50 anos depois.
Um belo dia (chovia cães e gatos, e sabem que eu adoro animais. Por isso estão a ver o meu sofrimento em ver aqueles animaizinhos todos espetadinhos nas pontas dos guarda-chuva), saíram no jornal artigos que mostravam que os americanos não foram os primeiros a por o pé na lua. Nah, não foram. O primeiro foi o António, e a primeira coisa que ele lá pôs nem foi o pé. Foi o rabo. Aquele gigantesco desfiladeiro que se vê quase a olho nu naquele lindo planeta, não é mais que uma obra da sua racha… errr… uma racha da sua obra, tal a violência do impacto.
O Elevador da Glória, como ainda hoje é conhecido, era um autêntico meio de transporte espacial, e isto fez torcer muitos narizes, pelas razões que obviamente compreendem. E=mc2, passara a ter um novo significado, peid…, libertação massiva de gases, mas o importante, foi o que o António decidiu fazer para se safar, morando agora por tempo indeterminado fora de casa. A primeira vez que morava sozinho, era logo noutro planeta. Podem ver que a “Força” com ele era muito potente.
O Tó sempre fora um rapaz de sorte, não é que o moço levava consigo algumas “assandes” e uns cachorros quentes na sacola? Digo cachorros quentes, pois os bichanos quase que assavam dentro do elevador. Foi a partir dai que começou-se a falar na famosa Lassie. Era nada mais nada menos do que o primeiro cachorro quente que teria sido inventado para além das fronteiras da Terra. Afinal, tinha-se que aproveitar os cãezitos que tombavam para o lado. A “Força” era muito sentida naquele pequeno espaço.
Não só lhe permitiu sobreviver os primeiros tempos, como graças a isso se tornou o primeiro empresário de fast-food do espaço, sim porque entretanto chegaram os chineses e começaram logo a vender berloques e hi-tech tudo a 150 paus (é que os moços têm a mania de espetar o pau em tudo que é comida).
Depois vieram fazer queixa dos famosos cachorros. Diziam que ganiam muito quando lhes enfiavam o pau. O Tó bem que lhes dizia que aquilo não era sushi. Tinham primeiro que lhes dar uma paulada, mas era difícil compreenderem pois como sabem no espaço existe vácuo. Logo o som era… não sei bem como era, afinal ninguém o conseguia ouvir. Então tentou lembrar-se de algo para substituir os cachorros, foi então que o Tó me pediu para lhe enviar outra matéria-prima, ou seja, porcos.
Ó bó! E como é que ele fez isso? Ainda não haviam satélites de comunicações… PAFFFFFFF, ganda tacada de golfe, e lá foi o olho do Jaime entrar direitinho no ralo triturador do lava-loiça.
Cala-te abelhudo, que eu já lá ia…
Bebeu um gole da sua água com estricnina, pigarreou e continuou:
Homem que é homem anda sempre com uma garrafita, e o Tó lá conseguiu meter um tufo de pelos lá dentro, disfarçar de bonsai e trocar com os chineses por um telemóvel, ao qual atou um papel com uma mensagem e atirou cá para baixo em direcção a minha casa. O Tó era campeão regional de malha, por isso foi fácil acertar, pois era a descer. Eu ia a entrar em casa quando ouvi: “fiiiiiiiIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIUUUU”, e já não ouvi o “CAPOW”, pois fiquei estatelada com o nariz no chão. Quando acordei, no meio da cratera na tola encontrei o fabuloso dispositivo e lá dentro, o SMS, acabadinho de inventar pelo Tó. Bom pupilo do seu mestre.
Fui para a Praça dos Restauradores, para onde transladaram o Elevador da Glória do Amoreiras, com uma vara de 1500 porcos que fui carregando e lançando em grupos de 250.
A operação teria sido um sucesso, não fosse o último lançamento ter sido fracote e uma das encomendas ter caído numa baiazita de Cuba e logo em cima de um grupo de turistas americanos que andavam por lá a jogar Paint-Ball. O Fidel ficou tão chateado por ver outros porcos a chafurdar no seu lamaçal que ameaçou lançar mísseis para todos os lados. Graças a este incidente outra expressão ficou para a história, os Imperialist Pigs Americanos, como o barbudo passou carinhosamente a chamá-los.
Quanto ao Tó, foi perseguido pelo fisco espacial, pois como empresário português achava-se imune, mas o que fez de pior, foi não pagar protecção à máfia chinesa e acabou por desaparecer misteriosamente quando foi à lavandaria do Sr. Chen buscar os seus aventais.
Ora máfia que se preze, quando se livra de alguém limpam todos aqueles que estejam relacionados com o seu alvo. Neste caso a solução que eles encontraram foi lançar todos os porcos do António em todas as direcções do espaço sideral.
Os astronautas que faziam os primeiros voos no espaço confundiram os bacorinhos com Correlianos e pensou-se que estivemos para ser invadidos por forças extra-terrestres, razão pela qual aconteceu de seguida o incidente em Roswell e mais uma série de trapalhadas à americana, mas isto é apenas o que dá o mote para o 3º e último episódio desta saga, onde vos vou apresentar o santo homem que ficou encarregue de descobrir A Verdade, portanto, não percam em breve:
A Saga Atómica da Avozinha: Episódio III – Os Ficheiros XXX
Podem ir a www.pêra.com/atrelado para ver o trailler. (só é pena que não haja um).
Paulo