sexta-feira, setembro 23, 2005

A Saga Atómica da Avozinha

Episódio II: Porcos no Espaço

Estávamos a comer umas boas febritas à moda da avó, ou seja tão torradinhas e duras que podiam bem ser lascas de madeira carbonizada, pois talvez o cheiro a porco fosse apenas do pé do Filipe que ainda ardia, quando a avozinha depois daquele arroto de satisfação que só ela sabia dar, e passo a citar: “GROWWWWWWWWWWW”, disse:
Hoje vou contar-vos o que aconteceu ao António que trabalhava comigo e com a Glória, mais conhecida anteriormente por Quim das Coubes, célebre cientista enquanto homem no laboratório, e como cantora de fado do Bairro Alto, quando andava nos TT’s da sua velha mãe (Toilettes e Tintóis). Foi assim:
Depois da experiência no Amoreiras, durante uns anos ninguém mais viu ou ouviu falar do António, excepto em algumas canções pimba, embora esses rumores fossem altamente exagerados, afinal as músicas foram feitas 40 ou 50 anos depois.
Um belo dia (chovia cães e gatos, e sabem que eu adoro animais. Por isso estão a ver o meu sofrimento em ver aqueles animaizinhos todos espetadinhos nas pontas dos guarda-chuva), saíram no jornal artigos que mostravam que os americanos não foram os primeiros a por o pé na lua. Nah, não foram. O primeiro foi o António, e a primeira coisa que ele lá pôs nem foi o pé. Foi o rabo. Aquele gigantesco desfiladeiro que se vê quase a olho nu naquele lindo planeta, não é mais que uma obra da sua racha… errr… uma racha da sua obra, tal a violência do impacto.
O Elevador da Glória, como ainda hoje é conhecido, era um autêntico meio de transporte espacial, e isto fez torcer muitos narizes, pelas razões que obviamente compreendem. E=mc2, passara a ter um novo significado, peid…, libertação massiva de gases, mas o importante, foi o que o António decidiu fazer para se safar, morando agora por tempo indeterminado fora de casa. A primeira vez que morava sozinho, era logo noutro planeta. Podem ver que a “Força” com ele era muito potente.
O Tó sempre fora um rapaz de sorte, não é que o moço levava consigo algumas “assandes” e uns cachorros quentes na sacola? Digo cachorros quentes, pois os bichanos quase que assavam dentro do elevador. Foi a partir dai que começou-se a falar na famosa Lassie. Era nada mais nada menos do que o primeiro cachorro quente que teria sido inventado para além das fronteiras da Terra. Afinal, tinha-se que aproveitar os cãezitos que tombavam para o lado. A “Força” era muito sentida naquele pequeno espaço.
Não só lhe permitiu sobreviver os primeiros tempos, como graças a isso se tornou o primeiro empresário de fast-food do espaço, sim porque entretanto chegaram os chineses e começaram logo a vender berloques e hi-tech tudo a 150 paus (é que os moços têm a mania de espetar o pau em tudo que é comida).
Depois vieram fazer queixa dos famosos cachorros. Diziam que ganiam muito quando lhes enfiavam o pau. O Tó bem que lhes dizia que aquilo não era sushi. Tinham primeiro que lhes dar uma paulada, mas era difícil compreenderem pois como sabem no espaço existe vácuo. Logo o som era… não sei bem como era, afinal ninguém o conseguia ouvir. Então tentou lembrar-se de algo para substituir os cachorros, foi então que o Tó me pediu para lhe enviar outra matéria-prima, ou seja, porcos.
Ó bó! E como é que ele fez isso? Ainda não haviam satélites de comunicações… PAFFFFFFF, ganda tacada de golfe, e lá foi o olho do Jaime entrar direitinho no ralo triturador do lava-loiça.
Cala-te abelhudo, que eu já lá ia…
Bebeu um gole da sua água com estricnina, pigarreou e continuou:
Homem que é homem anda sempre com uma garrafita, e o Tó lá conseguiu meter um tufo de pelos lá dentro, disfarçar de bonsai e trocar com os chineses por um telemóvel, ao qual atou um papel com uma mensagem e atirou cá para baixo em direcção a minha casa. O Tó era campeão regional de malha, por isso foi fácil acertar, pois era a descer. Eu ia a entrar em casa quando ouvi: “fiiiiiiiIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIUUUU”, e já não ouvi o “CAPOW”, pois fiquei estatelada com o nariz no chão. Quando acordei, no meio da cratera na tola encontrei o fabuloso dispositivo e lá dentro, o SMS, acabadinho de inventar pelo Tó. Bom pupilo do seu mestre.
Fui para a Praça dos Restauradores, para onde transladaram o Elevador da Glória do Amoreiras, com uma vara de 1500 porcos que fui carregando e lançando em grupos de 250.
A operação teria sido um sucesso, não fosse o último lançamento ter sido fracote e uma das encomendas ter caído numa baiazita de Cuba e logo em cima de um grupo de turistas americanos que andavam por lá a jogar Paint-Ball. O Fidel ficou tão chateado por ver outros porcos a chafurdar no seu lamaçal que ameaçou lançar mísseis para todos os lados. Graças a este incidente outra expressão ficou para a história, os Imperialist Pigs Americanos, como o barbudo passou carinhosamente a chamá-los.
Quanto ao Tó, foi perseguido pelo fisco espacial, pois como empresário português achava-se imune, mas o que fez de pior, foi não pagar protecção à máfia chinesa e acabou por desaparecer misteriosamente quando foi à lavandaria do Sr. Chen buscar os seus aventais.
Ora máfia que se preze, quando se livra de alguém limpam todos aqueles que estejam relacionados com o seu alvo. Neste caso a solução que eles encontraram foi lançar todos os porcos do António em todas as direcções do espaço sideral.
Os astronautas que faziam os primeiros voos no espaço confundiram os bacorinhos com Correlianos e pensou-se que estivemos para ser invadidos por forças extra-terrestres, razão pela qual aconteceu de seguida o incidente em Roswell e mais uma série de trapalhadas à americana, mas isto é apenas o que dá o mote para o 3º e último episódio desta saga, onde vos vou apresentar o santo homem que ficou encarregue de descobrir A Verdade, portanto, não percam em breve:

A Saga Atómica da Avozinha: Episódio III – Os Ficheiros XXX
Podem ir a
www.pêra.com/atrelado para ver o trailler. (só é pena que não haja um).
Paulo

sexta-feira, setembro 02, 2005

A Saga Atómica da Avozinha

Episódio I: O Elevador Atómico

Estávamos entretidos em frente à lareira a queimar pêlos do rabo, expelindo gases contra as chamas, para fazer bolitas de fogo, quando a avozinha decide juntar-se a nós levantando as suas sete saias e mostrando-nos de que matéria é feita um profissional. A prova viva (mas mal) desse facto é o primo Berto, que estava no ponto-mira do seu grande disparo e ficou quase como o tocha-humana quando foi atingido. Tão espantados com aquela bola de fogo digna de uma super-nova, esquecemos o moço que ficou a arder durante alguns minutos. Quando nos lembramos, metemo-lo dentro de uma bacia com água, e esta evaporou em segundos. Foi preciso a avó usar a vassoura de palha e o Tommy-Lee para o conseguir apagar.
O coitado, não obstante de ter participado em tão grandiosa demonstração, é careca desde essa altura, e pelo que sabemos, terá ficado com alguns neurónios assados, pois cada vez que ele pensa cheira sempre a churrasco.
Finalmente, depois de apagado e largado num canto cheio de bétadine, ela voltou-se para nós e disse:
Eu sou muito boa nisto, porque nos anos quarenta fui assistente do famoso Quim das Coubes, um cientista de renome internacional, na terra dele. Graças a ele tive oportunidade de participar num dos mais ambiciosos projectos nacionais de todos os tempos. A equipa era composta pelo Quim, o António e eu, mas, não tínhamos nada de concreto em que trabalhar, até ouvirmos falar do elevador atómico americano. O seu funcionamento era muito simples. Colocava-se uma carga atómica de algumas mega-toneladas na base, por exemplo do edifício Chrysler, mesmo sob o fosso do elevador, que este seria enviado rapidamente para o topo, após a detonação. Tudo isto era empírico, uma vez que o custo de cada ogiva era astronómico. Mas derivado dessa teoria, o Quim, decidiu testá-la usando fontes de energia alternativas de baixo custo. Os americanos usam sempre energia da mais cara. E nós bem sabemos que se dependesse de outros povos, os carros há muito que andavam a ar, à semelhança dos povos em algumas democracias comunistas e ditatoriais, que nem precisam de comer, tal o estado avançado da sua ciência.
Se bem o pensou, Quim melhor fez, empanturrou o António de feijoada, fechou-o na cave das Amoreiras, mandou-o acender o fosforito na altura de libertação de gases e: BUUUMMMMM! FRRRRRRRRRRRRRRRR! Atentem, não só conseguiu projectar o elevador, como arrasou Lisboa! Na altura os serviços secretos mascararam aquilo de terramoto.
Mas o homem nunca mais foi o mesmo. Trocou de sexo e passou a chamar-se de Glória. Mais tarde, deviam ser para aí seis da tarde, com tantos remorsos, suicidou-se com uma rajada de metralhadora nas costas, quando ia a passar por um bairrito em Lisboa. Vejam só a genialidade do homem, mulher neste caso. Conseguiu que pensassem que tinha sido homicídio.
Escolheu o local e a altura certos para o seu último grande plano. Era um dia de muito vento, e ele, disparando para a frente, conseguiu que o vento trouxe as balas de volta num remoinho que lhe acertou pelas costas. Essa teoria ainda é hoje muito discutida. A teoria da rajada mágica. Esse bairro ficou a partir desse incidente conhecido como o Casal Ventoso.
Para a história, fica a tristeza de quem pretendia o primeiro Elevador António, e criara antes uma Bomba Antónia.
Ao ouvirmos este relato ficamos completamente atónitos e perguntamos à avó: Que aconteceu depois? – E uma vez mais PAFF!! PAFF!! PAFF!! PAFF!! Nem o Berto, queimadito, escapou.
“Meus netinhos, isto faz parte de uma trilogia, e portanto, vão ter que esperar pelo segundo episódio.”
E que remédio tivemos, senão esperar. Portanto, e como os prezados leitores não são mais que nós, vão esperar também, mas com menos galos na tola.
Portanto, não perca daqui a quinze dias (mais ou menos, dependendo dos “posts” dos outros netos):
A Saga Atómica da Avozinha: Episódio II: Porcos no Espaço
Paulo