Sistema Solar…
Uns dos dias mais marcantes da minha vida passou-se quando certo dia a avó chega a casa, já bem pela noite dentro, vinda mais uma vez das suas já famosas aventuras, que são publicadas pela DC (Denominadamente Campestre), pois ela era a sócia maioritária da empresa, visto que não havia ninguém mais velho a mandar no estáminé e ninguém ousava fazer-lhe frente. Quando muito, chegavam-lhe de lado. Ainda está para vir alguém para tentar se quer ousar tal façanha. Pffff, de frente… Até só de pensar, mijo-me todo pelas calças abaixo do Paulo. De preferência no Inverno, pois quebra as estalactites de certas partes com formas estranhas.
Nós todos ouvimo-la chegar à caver…, à garagem devido ao ruído do seu bólide. Ela fartou-se do carrinho de rolamentos. Sem o Róbim, não tinha a mesma piada… Aquele carro fazia sempre um barulho singular. Aquela explosão à entrada, acordava qualquer um. Mas acho que devia ser defeito. Pelo menos chegaram a sobrar algumas peças. Sei que a avó mandava vir de uma empresa estrangeira de nome duvidoso. Empresas BW de Gollum ou Gátum Citi. Se a memória não me escapa acho que era isso. Pelo menos, era o símbolo que tinha nos envelopes quando chegavam lá a casa. Sempre que chegava um, ficávamos todos empolgados pois era mais uma peça para montar. Nós chegávamos a perguntar o porquê de vir assim, mas a avó sempre respondia “Já estão a imaginar o que era lamber aqueles selos todos, só para enviar o carro por carta? Para não falar que tinha que construir uma nova caixa de correio. Coitado do carteiro, ter que carregar aquilo tudo na sua pastinha! Se calhar foi por essas e por outras que os carteiros viraram postal, ou como dizem os amaricanos – They’ve gone postal.”. Como sempre, a avó tinha a sua razão.
O pior era o estrago que fazia sempre que entrava em casa. Vocês não estão a imaginar o que é ter churrasco todo o dia devido ao escape do carro. Se bem que para depenar as galinhas dava o seu jeito. E se colocássemos um paiozinho no meio, ai sim é que saíam umas boas espetadas.
Ela entra em casa toda esbaforida, pior que uma parede de cal sem grafites, levando tudo á frente, pisando em tudo e em todos, “Jaime…, Paulo…, Filipe…, Lúcio…, Quimberto…. Onde estão?”
“Estamos aqui de baixo vozinha! É só levantar o seu pé, ficámos colados na sola!”.
Todos estávamos curiosos do porquê de tal agitação. Ainda por cima àquelas horas da noite. A que se deveria?
“Meus ricos meninos. Tenho uma coisa muito importante para vos dizer. Algo que vai alterar a vossa maneira de ser para sempre. Existe um buraco negro no nosso Sistema Solar.”
“Ó vozinha, tem sim que eu acabei de ver… o sistema solar das suas botas tem um buraco…” – Disse o Filipe
“Não é esse, seu parvo!!!” e claro PAFFF com o Tommy-Lee “Hello!!! É o nosso Sistema Solar: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte…, Sol no meio - todos encarreirados a andar ó de volta dele tipo carneirinhos… daaaaa???”
Ao ouvirmos tal notícia, caiu tudo. Mundo, tempo, bolinhas, berlindes… é o que dá ter os bolsos rotos. Se a avó não nos tivesse abanado tanto, eu ainda tinha as bolinhas com que brincava com a Pamela. Ainda me lembro como se fosse hoje. Uma vez até deixei cair o leite por cima de duas prateleiras. A avó bem me dizia, “Olha que brincar enquanto lanchas, não dá muito jeito, ainda vais sujar tudo!”. E avó tinha mesmo razão. O leite mais tarde ou mais cedo acabava por cair do copo. Mas as bolachas, essas, iam todas.
Mas que raio seria um buraco negro? E o que seria o Sistema Solar que a avó tanto resmungava com o Tommy-Lee? Já sabíamos que não era o das botas da avó. A careca do Filipe provava isso mesmo. Mas existiria mais algum? Haveria mais sistemas solares pela casa? Nós íamos perguntar à avozinha, mas mal abrimos a boca, caímos para o chão redondos e inconscientes. Mesmo de chapa. Os tiques nervosos do Filipe já mal se notam, mas eles ainda estão lá. Até o cabelo mudou de cor. Possivelmente devido ao nevoeiro que se encontrava em casa.
Foi então que a avó se lembrou e foi a correr para a garagem. Tinha-se esquecido de desligar o bólide e os monodioxidos estavam a intoxicar-nos.
Devia ser por isso que acordámos no dia a seguir, todos amontoados uns a trincar nos pés dos outros, com uma ressaca pior que as do cházinho ou do que as do fuminho da avó. Só nos lembrávamos de um sonho esquisito, a ver com buracos na sola das botas.
Jaime
Nós todos ouvimo-la chegar à caver…, à garagem devido ao ruído do seu bólide. Ela fartou-se do carrinho de rolamentos. Sem o Róbim, não tinha a mesma piada… Aquele carro fazia sempre um barulho singular. Aquela explosão à entrada, acordava qualquer um. Mas acho que devia ser defeito. Pelo menos chegaram a sobrar algumas peças. Sei que a avó mandava vir de uma empresa estrangeira de nome duvidoso. Empresas BW de Gollum ou Gátum Citi. Se a memória não me escapa acho que era isso. Pelo menos, era o símbolo que tinha nos envelopes quando chegavam lá a casa. Sempre que chegava um, ficávamos todos empolgados pois era mais uma peça para montar. Nós chegávamos a perguntar o porquê de vir assim, mas a avó sempre respondia “Já estão a imaginar o que era lamber aqueles selos todos, só para enviar o carro por carta? Para não falar que tinha que construir uma nova caixa de correio. Coitado do carteiro, ter que carregar aquilo tudo na sua pastinha! Se calhar foi por essas e por outras que os carteiros viraram postal, ou como dizem os amaricanos – They’ve gone postal.”. Como sempre, a avó tinha a sua razão.
O pior era o estrago que fazia sempre que entrava em casa. Vocês não estão a imaginar o que é ter churrasco todo o dia devido ao escape do carro. Se bem que para depenar as galinhas dava o seu jeito. E se colocássemos um paiozinho no meio, ai sim é que saíam umas boas espetadas.
Ela entra em casa toda esbaforida, pior que uma parede de cal sem grafites, levando tudo á frente, pisando em tudo e em todos, “Jaime…, Paulo…, Filipe…, Lúcio…, Quimberto…. Onde estão?”
“Estamos aqui de baixo vozinha! É só levantar o seu pé, ficámos colados na sola!”.
Todos estávamos curiosos do porquê de tal agitação. Ainda por cima àquelas horas da noite. A que se deveria?
“Meus ricos meninos. Tenho uma coisa muito importante para vos dizer. Algo que vai alterar a vossa maneira de ser para sempre. Existe um buraco negro no nosso Sistema Solar.”
“Ó vozinha, tem sim que eu acabei de ver… o sistema solar das suas botas tem um buraco…” – Disse o Filipe
“Não é esse, seu parvo!!!” e claro PAFFF com o Tommy-Lee “Hello!!! É o nosso Sistema Solar: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte…, Sol no meio - todos encarreirados a andar ó de volta dele tipo carneirinhos… daaaaa???”
Ao ouvirmos tal notícia, caiu tudo. Mundo, tempo, bolinhas, berlindes… é o que dá ter os bolsos rotos. Se a avó não nos tivesse abanado tanto, eu ainda tinha as bolinhas com que brincava com a Pamela. Ainda me lembro como se fosse hoje. Uma vez até deixei cair o leite por cima de duas prateleiras. A avó bem me dizia, “Olha que brincar enquanto lanchas, não dá muito jeito, ainda vais sujar tudo!”. E avó tinha mesmo razão. O leite mais tarde ou mais cedo acabava por cair do copo. Mas as bolachas, essas, iam todas.
Mas que raio seria um buraco negro? E o que seria o Sistema Solar que a avó tanto resmungava com o Tommy-Lee? Já sabíamos que não era o das botas da avó. A careca do Filipe provava isso mesmo. Mas existiria mais algum? Haveria mais sistemas solares pela casa? Nós íamos perguntar à avozinha, mas mal abrimos a boca, caímos para o chão redondos e inconscientes. Mesmo de chapa. Os tiques nervosos do Filipe já mal se notam, mas eles ainda estão lá. Até o cabelo mudou de cor. Possivelmente devido ao nevoeiro que se encontrava em casa.
Foi então que a avó se lembrou e foi a correr para a garagem. Tinha-se esquecido de desligar o bólide e os monodioxidos estavam a intoxicar-nos.
Devia ser por isso que acordámos no dia a seguir, todos amontoados uns a trincar nos pés dos outros, com uma ressaca pior que as do cházinho ou do que as do fuminho da avó. Só nos lembrávamos de um sonho esquisito, a ver com buracos na sola das botas.
Jaime