segunda-feira, outubro 29, 2007

História

Estava eu com o Paulo a estender a roupa, quando nos deparamos com a roupa interior da avó. Neste caso específico, uma cueca. Tão grande, tão grande, que dois anões podiam usa-la como saco cama. Logo começamos a usar a imaginação que tantas vezes nos colocou em sarilhos:
- Behold a Cueca do Abysmo! Onde o simples mortal se pode perder. Perante vós, o projecto BlairCueca.
- Escondido na Área Cueca 51, no Novo México, onde se bebe Cueca-Cola…
- Sim a beberagem trazida pelos extraterrestres ainda no tempo dos dinossauros, na era do Parvalholitico… aquela em que viveu o homem de Cromo-nhon…
- A era do Pimbalhótico veio logo de seguida, marcada pelo maior animal de todos os tempos: o Dinomeira!
- Sim nessa altura caminhava na terra o Homem-non-sapiens-nada.
- Era o Sapien-come-tudo, mais conhecido por Sebastiansapiens-come-tudo-tudo-tudo…
- Sim, esse mesmo, o que ficou extinto numa manhã de nevoeiro…
- Isto tudo devido à era dos Crustáceos, em Vigo…
- Embora haja quem defenda que foi por causa das grandes superfícies que começavam a despontar, tipo o El SharonStonenge Inglès…
- Era um consórcio entre Espanha e Inglaterra, até que o espanhol se chateou e quebrou a sociedade com o argumento: estás siempre nel corte, inglès!
- Os espanhóis também surgiram na época do Parvalhólitico… e os ingleses…
- Acho que ainda nem saíram dessa época…
- Depois começou a rebaldaria, com o surgimento da antepassada da Pamela, no Badalholítico
- Sim, na época das marés vivas…
- Ahhhh, a época das marés vivas e do playboytivialismo…
- Onde se desenvolveu o FiodeNeandertal…
- O que levou a ascensão dos Tugas e aos descobrimentos. Sempre em busca de marés nunca dantes navegadas, nos seus barquinhos: Os Caramelos.
- Sim, corria-lhes tudo bem, até navegarem pelos mares do sul... derreteram, naufragaram e encontraram o Brasil, para onde se enviou o Roberto Coração de Leal para combater os mouros, mas não funcionou porque eles devolveram-no, não que porque não houvessem lá mouros, muito pelo contrário, mas o povo brasileiro preferia o mal menor.
- Depois veio a queda do Império Português de um precipício, ficou conhecida pela Choc-a-pique (choc-a-piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiique)…
- Afinal, ainda percebemos algo de história…
- Bastante…
- Somos uns eruditos…
- Ok, já chega! Posso saber o que fazem vocês com as minhas cuecas na cabeça? Acho que estou a prever a extinção de mais uma espécie…
PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAFT!
Bateu e não foi levemente... quando pudemos ver: era a avó…

Paulo & Filipe

terça-feira, outubro 02, 2007

Paintball (Caça ao Jaime)

Naqueles dias, andávamos nós a brincar com a prenda que a avozinha nos tinha oferecido pelo Natal. Foram as prendas mais fantásticas que podíamos ter tido desde as cordas para bungee jumping. É claro que na altura a avozinha não teve dinheiro para nos providenciar aquelas cordas todas kitadas que os profissionais usam. A avó tinha-se decidido por algumas amostras de diferentes cordéis que encontrara ao desbarato na drogaria da esquina e que variavam entre finos fios de nylon, cordas para estender roupa e até um cabo de aço que calhou na sorte ao Emiliano. Alguns dos netos até ganharam alcunhas depois dessa quadra, por exemplo, o agora conhecido por Emiliano-de-baixo e Emiliano-de-Cima, o Asdrubal Splut, o Quim Panqueca, etc.
Neste último Natal, a avó conseguira enganar o IRS e também uma série de outras pessoas e instituições e adquirira o presente da moda. Armas e equipamentos de Paintball. Só ficaram mesmo a faltar as bolinhas de tinta, pelo que optamos por usar pedrinhas e berlindes. Doíam um bocadinho mas davam mais pica.
Depois de termos feito inúmeros jogos diferentes, votamos por unanimidade (eu, o Berto e o Filipe) numa outra modalidade a que chamamos de Caça ao Jaime, mas para o jogar tivemos que definir alguma regras para que o jogo fosse justo.
Berto: Já sei! Ele foge pelo apartamento armado com um cotonete.
Paulo: Um cotonete?
Filipe: Pode levar também Hirudoid… ou álcool…
Paulo: Isso pode ser perigoso…
Berto: Hmmmm bem visto... um palito dos dentes... rombo e partido ao meio.
Filipe: Ao meio? 1/3 acho que é o ideal…
Berto: Sim... sim és capaz de ter razão... e não vale atirar o palito!
Paulo: Sim, e já agora fica amarrado ao pulso dele com uma corrente de 50kg!!!
Berto: Isso e também preso ao pulso e ao pescoço.
Filipe: Com uma bola de ferro no tornozelo.
Paulo e Berto: Isso! Acho que assim temos desafio…
Berto: E só vale apontar-mos para a zona pélvica.
Paulo: Vale em todo o lado, mas dá mais pontos nessa área e nos olhos (que ele não pode usar máscara).
Berto: Claro que não! Para quê mascara? Ele já é feio que chegue.
Tudo o que era necessário, estava a postos: Um Jaime de palito e algemado, acorrentado, amordaçado, vendado e também, oito netos sedentos de acção.
O jogo era bastante simples e jogámo-lo com frequência durante vários meses. Até que um dia descobrimos que havia alguém mais a entrar no jogo, e não eram os outros vinte e cinco netos que tínhamos recrutado para a difícil tarefa de caçar o Jaime. Muito pelo contrário. Os netos desapareciam misteriosamente… Corriam rumores de que um ser semelhante à avozinha, mas com um caranguejo na cabeça tinha sido avistado no corredor entre a casa de banho e o quarto de hóspedes com um cinto de guerrilheiro, lenço a servir de burka, cajado hi-tech retráctil e mais duas armas penduradas nas costas…
Ao início ignoramos os boatos, até descobrirmos que alguém andava a coleccionar as caveiras dos netos desaparecidos (aquelas de borracha que saíam nos Corn Flakes). Todos temiam a visão dos três pontos a brilhar... significava que o lampião avariara de novo…
Antes do desaparecimento de algum neto ouvia-se aquele clac-clac inconfundível, um ruído tão estranho que parecia ser alienígena. O ruído do predador invisível que nos detectava pela emanação de calor…
Ouvíamos Clac-clac-clac, e sabíamos que ela estava perto. Coberta pelo lenço negro e o avental. O camuflado perfeito para passar despercebida numa cozinha antiga. Clac-clac-clac. O ruído do ajeitar da dentadura escorregadia era tenebroso… PAFFF! PAFFF! PAFFF! E iam assim, um a um, sendo derrotados todos os netos. Ela ganhava sempre. E o Jaime cheio de hematomas e dores no corpo divertia-se a gozar connosco e chamava-nos de perdedores… Sortudo que ele era. Nem o alien que foi lá a casa jogar também, teve alguma sorte. Levou cacetada como todos os outros… Sabem de quem estamos a falar, certo? Aquele cinzentinho que voava numa bicicleta…
Um dia recebeu uma mensagem no atendedor de chamadas: “ET, phone home”. Preparava-se o rapazinho extra-terrestre para retribuir a chamada quando levou semelhante trolitada que ficou a ver as estrelas todas da sua galáxia. Era a avó:
Já estou farta de te dizer que se queres falar com os teus pais usa o TEU telemóvel. Sabes quanto estão a custar as chamadas inter-galácticas?
Berto & Paulo