sexta-feira, setembro 02, 2005

A Saga Atómica da Avozinha

Episódio I: O Elevador Atómico

Estávamos entretidos em frente à lareira a queimar pêlos do rabo, expelindo gases contra as chamas, para fazer bolitas de fogo, quando a avozinha decide juntar-se a nós levantando as suas sete saias e mostrando-nos de que matéria é feita um profissional. A prova viva (mas mal) desse facto é o primo Berto, que estava no ponto-mira do seu grande disparo e ficou quase como o tocha-humana quando foi atingido. Tão espantados com aquela bola de fogo digna de uma super-nova, esquecemos o moço que ficou a arder durante alguns minutos. Quando nos lembramos, metemo-lo dentro de uma bacia com água, e esta evaporou em segundos. Foi preciso a avó usar a vassoura de palha e o Tommy-Lee para o conseguir apagar.
O coitado, não obstante de ter participado em tão grandiosa demonstração, é careca desde essa altura, e pelo que sabemos, terá ficado com alguns neurónios assados, pois cada vez que ele pensa cheira sempre a churrasco.
Finalmente, depois de apagado e largado num canto cheio de bétadine, ela voltou-se para nós e disse:
Eu sou muito boa nisto, porque nos anos quarenta fui assistente do famoso Quim das Coubes, um cientista de renome internacional, na terra dele. Graças a ele tive oportunidade de participar num dos mais ambiciosos projectos nacionais de todos os tempos. A equipa era composta pelo Quim, o António e eu, mas, não tínhamos nada de concreto em que trabalhar, até ouvirmos falar do elevador atómico americano. O seu funcionamento era muito simples. Colocava-se uma carga atómica de algumas mega-toneladas na base, por exemplo do edifício Chrysler, mesmo sob o fosso do elevador, que este seria enviado rapidamente para o topo, após a detonação. Tudo isto era empírico, uma vez que o custo de cada ogiva era astronómico. Mas derivado dessa teoria, o Quim, decidiu testá-la usando fontes de energia alternativas de baixo custo. Os americanos usam sempre energia da mais cara. E nós bem sabemos que se dependesse de outros povos, os carros há muito que andavam a ar, à semelhança dos povos em algumas democracias comunistas e ditatoriais, que nem precisam de comer, tal o estado avançado da sua ciência.
Se bem o pensou, Quim melhor fez, empanturrou o António de feijoada, fechou-o na cave das Amoreiras, mandou-o acender o fosforito na altura de libertação de gases e: BUUUMMMMM! FRRRRRRRRRRRRRRRR! Atentem, não só conseguiu projectar o elevador, como arrasou Lisboa! Na altura os serviços secretos mascararam aquilo de terramoto.
Mas o homem nunca mais foi o mesmo. Trocou de sexo e passou a chamar-se de Glória. Mais tarde, deviam ser para aí seis da tarde, com tantos remorsos, suicidou-se com uma rajada de metralhadora nas costas, quando ia a passar por um bairrito em Lisboa. Vejam só a genialidade do homem, mulher neste caso. Conseguiu que pensassem que tinha sido homicídio.
Escolheu o local e a altura certos para o seu último grande plano. Era um dia de muito vento, e ele, disparando para a frente, conseguiu que o vento trouxe as balas de volta num remoinho que lhe acertou pelas costas. Essa teoria ainda é hoje muito discutida. A teoria da rajada mágica. Esse bairro ficou a partir desse incidente conhecido como o Casal Ventoso.
Para a história, fica a tristeza de quem pretendia o primeiro Elevador António, e criara antes uma Bomba Antónia.
Ao ouvirmos este relato ficamos completamente atónitos e perguntamos à avó: Que aconteceu depois? – E uma vez mais PAFF!! PAFF!! PAFF!! PAFF!! Nem o Berto, queimadito, escapou.
“Meus netinhos, isto faz parte de uma trilogia, e portanto, vão ter que esperar pelo segundo episódio.”
E que remédio tivemos, senão esperar. Portanto, e como os prezados leitores não são mais que nós, vão esperar também, mas com menos galos na tola.
Portanto, não perca daqui a quinze dias (mais ou menos, dependendo dos “posts” dos outros netos):
A Saga Atómica da Avozinha: Episódio II: Porcos no Espaço
Paulo

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