quinta-feira, junho 08, 2006

Compras da Pamela

Estava tudo bem em casa, tudo como de costume, nada de pressas nada de confusões. Tirando é claro como já vinha sendo hábito, quer dizer, pelos menos desde alguns segundos atrás, estávamos à espera que a Pamela chegasse das suas já famosas compras de Verão, espreitando pela fechadura da porta de casa da avó aguardando a sua chegada. Pode parecer um costume idiota, e por acaso até tenho que admitir que o era, mas o prémio merecia bem a onda de idiotice que nos atravessava as mentes inferiores das partes baixas do corpo.
Passo então a explicar no que consistia. Basicamente tratava-se de um conceito simples. Só tínhamos que esperar que ela chegasse das compras e de seguida partíamos para a perfeita balbúrdia em casa, estou a falar de um caos total. Tentem imaginar como são os saldos naquelas famosas lojas de conveniência como a Sara, ou mesmo até a Manga. Já imaginaram?..., ok, pois não tem nada a ver com isso, o que fazíamos era bem pior. Neste momento estão vocês a perguntar-se o porquê desta reacção disparatada? Bem…, se não estão, então deveriam estar! Vá lá, eu espero um bocado…,...,…, então?…, já está?..., pronto, eu explico. Tal confusão iria chamar a atenção da avó e como ainda vinha a dormitar pegava num de nós e ia pedir ajuda à Pamela para olhar por ele por uns segundos em sua casa afim de poder acalmar as hostes. Todos nós sabemos que quando a Pamela chega das compras vai logo direitinha experimentar a roupa que acabou de comprar. E o melhor de tudo é que estávamos naquela época do ano em que se usa pouca e curta roupa.
Eis que entretanto ela se aproximava. Mal vimos a sua sombra a surgir começou a zaragata. Eu puxo os cabelos do Filipe, bem, quer dizer, ele disso já tinha pouco por isso só veio pele agarrado às suas mãos. Quase parecia um escalpe. A reacção de dor do Filipe alastrou-se para a parte inferior da perna. O seu pé chutou em cheio os ditos cujos do Paulo. Digamos que o seu reflexo de agonia foi tal que em pleno desespero deu um chuto no Ar, a partir desse dia nunca mais vimos esse neto da avó. O ar já estava cheio de gritos e zurros, mas para atiçar a fogueira, afim de acordar a avó de vez, atiramos os restos do almoço para a lareira. Erro crasso. Labaredas de todas as cores saltaram pela casa, até pareciam que estavam possuídas. A fumaça foi tal que não se via um palmo á frente de um boi. Nisto só ouvimos a avó a berrar e a desatar a correr na nossa direcção.
- Quem começou isto tudo?... e sabem que não adianta mentir!
- Foi… foi, o Jaime avó. Disse o Filipe ainda dorido.
Como não se via nada, a avó teve que atirar o Tommy Lee ás cegas. Elas sempre foram boas em reconhecer as feições das pessoas. Não demorou muito para o cajado conhecer o seu destino. PIMBA, em cheio nas minhas pernas. Nem vi o que me tinha atingido, pois tal era a fumaça.
- Agora anda comigo, vou-te levar à casa da Pamela para ficares de castigo. A avó ao abrir a porta, conseguiu desanuviar um bocado o ar. Mas reparei que eu ainda estava do lado de dentro da casa, ela tinha-se enganado no neto. Era o Paulo que estava a ser arrastado porta fora. Ainda gritei a avisar a avó, mas coincidiu com o estrondo da porta a ser fechada pela corrente de ar.
Bem, é claro que ficamos todos ansiosos de saber o que se tinha passado, mas tivemos que esperar que o Paulo voltasse…

Jaime

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