segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Dia dos Namorados (o regresso da espinha)

Já vos contei muitas coisas dos meus tempos com a avó e de todo o tipo de coisas que graças a ela me enriqueceram enquanto desperdício orgânico. Por exemplo, lembram-se do teste de matemática? Lembram-se de vos ter falado de uma espinha viscosa e amarelenta de tamanho descomunal que me crescia na ponta do nariz? Se bem se lembram, a Filipinha estava a chegar e podia ser um pouco chato se lhe estourasse aquele vulcão radioactivo na cara. Se não se lembram, é melhor irem ler…
Seja como for, era dia 14 de Fevereiro, e não era essa a minha ideia de prenda para o Dia dos Namorados…
Ora bem, depois da explicação de matemática a avó olhou-me com o olho vesgo e perguntou: Afinal quem és tu? Ao que eu estupidificado respondo: Sou o Paulo, avó! Ao que ela retorquiu: Não és nada! E eu contraponho: Sou, Sou! Mas ela nada convencida diz: Não és não! Até que me passei e gritei: Sooooouuuuuu! Ao que ela diz: Não me grites! e PAF! Aiiiiiiiii! (galo a crescer na tola) é (tento eu falar) PAFFF! uma (continuo a tentar) PAFF! petuberância! PAFFF! que PAFF! me PAFF! cresceu PAFF! no PAFF! nariz… PAFF! … PAFF! ? PAFF! !?! PAFF! !!!!????? Desculpa, pensei que ias dizer mais alguma coisa… Então parou e olhando-me nos olhos disse: Ómessa! Não é que és mesmo tu? PAFF! Aieeeeeeee! Esta foi porque me apeteceu… estás mais bonito assim… parecias o Euclínio… mmmmmm Enrolou ela entre os dedos aquele pêlo que lhe crescia como uma trança de Rapunzel para fora da narina esquerda. Passou por mim, coçou depois a cabeça, ouvi um PLIM, e quando retornou, trazia um balde numa mão e o Tommy Lee na outra. Pediu-me para segurar o balde em frente à cara, enquanto assumiu a sua posição de jogador de basebol e berrou como uma maluca: SHE SWINGS… AND… (PAAAFFFFF e depois SPLOFT) SHE SCORES!! Saltou e correu à volta da mesa da sala, acertando-me diversos PAFFS que me faziam soltar igual número de AIIIS, numa estranha mistura de basebol e hóquei. Depois de desmaiar até deixava de doer. Felizmente o Jaime estava lá para me despertar, atirando-me baldes de água à cara, lançando, por vezes, o balde também, o que me deixava de novo inconsciente.
Quando terminaram, eu estava outro. A minha mãe seria incapaz de me reconhecer… Parecia o Chereque de tão inchado, só que em vez de verde, estava vermelho e negro (como o livro do estendal).
Como qualquer tratamento teve os seus efeitos secundários, que foram a queda de dentes, alguns hematomas (que eram mais hematumbas), olhos negros, uma dor de cabeça que durou três semanas, uma perna partida, para não falar do irritante assobio nos ouvidos (de que ainda sou acometido de vez em quando) e muita porcaria… Não foi nada mau. Há tratamentos piores…
Por fim a avó vendo que a época negra tinha vindo afectar os seus netos, pôs mãos à obra, neste caso no caldeirão, e com as suas artes mágicas, e raízes de mandrakes, fez várias pulseiras: 10 para os netos do norte, 10 para os netos do sul, 10 para os mais velhos e 10 para os mais novos, 10 para… bem uma para cada neto, e por fim, no maior dos segredos, fez uma corrente para todas ligar, e à perna da mesa as amarrar. Distribuiu-as por todos nós, ao que o Berto na sua maneira parva decide perguntar:
- Onde é que eu a meto? – E a avó arregalando os olhos responde: - METE-A NO…
Desde essa altura que o rapaz nunca mais andou direito e responde a todas as questões: “mete no…”, e depois vai-se embora todo retorcido a dizer coisas como: “Ai-ai-ai a minha preciosssaaa…”
Mas há males que quanto mais chove mais se lhe arrima, já dizia a avozinha e muito bem, pois a Filipinha quando me foi visitar ao hospital e me viu naquele estado, disse que me perdoava por não lhe ter comprado uma prenda, e disse-me também, a propósito de coisas da adolescência que ouvira a mãe a dizer ao seu irmão para não esgalhar os pessegueiros pois podia ficar cego… percebi logo o que ela quis dizer, pois além de estragar as árvores, comer pêssegos verdes, e talvez, mesmo cheios de químicos pode fazer muito mal… o melhor é lavar-se tudo muito bem…
São males terríveis essas coisas da adolescência. Bem piores que a clamídia, gonorreia e a tricomoníase (causada por protozoários móveis), já dizia a avozinha… e não tinha dentes…

Paulo

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