Fada dos Dentes
Como todas as crianças, nós também passamos aqueles famosos tempos chamados de muda de dentes. Não, não é o que estão a pensar. Não andávamos a trocar dentes uns com os outros, nem a experimentar a dentadura postiça que a avó costuma usar quando quer comer algo mais duro, como couratos por exemplo. Também nos foi dado a conhecer a Fada dos Dentes, como a toda a gente, mas de uma maneira bem diferente. Estávamos nós a brincar muito sossegadamente no pátio da avó, àquele famoso jogo do atira o calhau, enquanto ela estava muito ocupada de volta do seu caldeirão, donde saíam uns fumos esverdeados. Era para ver quem ficava com mais fracturas expostas. Nisto, eu atiro um calhau com tal precisão que bate numa janela, faz ricochete no chão, acerta no pé do Filipe, ainda vai acertar na mão direita do Berto (lá tem que ser com a esquerda daqui em diante) e finalmente bate num dente do Paulo. Este ficou ali estatelado no chão como um pássaro abatido. O Paulo foi logo a correr para a avó, para ver se ainda havia super cola 13.
- Oh avóoo, o Jaime, o Filipe e o Berto partiram-me um dente.
Splat, em cheio com a fuça no caldeirão da avó. Mais um dente a voar. A avó tinha pregado uma rasteira ao Paulo.
- Já vos disse que não quero correrias dentro de casa. Então vocês partiram o dente ao meu Paulinho? Ainda por cima a cola acabou, estive a mascar o último bocado. Todos para aqui em filinha.
Já sabíamos o que nos ia calhar, não valia a pena discutir. Quem tem o cajado na mão, geralmente é quem ganha. A faca e o queijo nem tiveram hipóteses. Não vale a pena entrar em detalhes, visto estes serem negros e cheios de Hema-toma. O raio da Hema é que nunca aparecia, tínhamos que ficar com o toma. Digamos só que o resultado foi que cada um de nós ficou também sem um dente.
- Agora ninguém se ri do Paulo, a não ser eu, e não se esqueçam de antes de dormir colocar os dentes debaixo da almofada.
- E porquê avó? Perguntei eu muito incrédulo a segurar sobre o dente derramado, com medo de represálias.
- Não me questiones. Arre, … Ide lá lavar as mãos pois o jantar está na mesa.
Comemos,… não, engolimos depressa só de pensar no que a avó nos tinha dito. Lá fomos então para a cama ansiosos com o que nos esperava. Estávamos muito bem a dormir, e nisto ouço um barulho. Ainda tentei acordar os outros, mas sem sucesso. O Paulo estava tão agarradinho ao Filipe que nem queria saber. Só me davam pontapés e chapadas para voltar a dormir. Nisto reparei num vulto que se aproximava das nossas almofadas.
- Quem vem lá? Só ouvi um suspiro a dizer bem alto.
- Está mas é calado antes que leves na cabeça. Volta a dormir pois a Fada dos Dentes está aqui para fazer uma troca.
Eu pensei que fosse o serviço de emigração, que vinha buscar um dos netos da avó. Um tal de João Doa, mas nisto reparo que essa entidade tinha uma coisa na mão em forma de varinha. Tentei aproximar-me, arrastando-me pela cama, e vi que era parecido com a varinha da avó. O cheiro a chocolate era inconfundível.
- Mas é a a…!!!
Nem o pensamento tinha acabado de se formular na minha cabeça, e nisto a cama acabou e o meu corpo cai estatelado no chão. Ainda tentei rodar a cabeça, para ver quem estava a meus pés, mas os meus sentidos deixaram-me só. Acordámos todos de manhã, eu no chão, e virei-me logo para o Paulo e para o Filipe.
- Esteve aqui alguém ontem à noite. Uma tal de Fada dos Dentes! E tinha a varinha da avó.
Nisto o Paulo interrompe.
- Ei, vejam o que temos debaixo das almofadas. É um dos dobrões da avó.
- Pois é meus netinhos, parece que a Fada dos Dentes veio cá a casa ontem à noite.
- Bute brincar lá fora para ver quem fica com mais dinheiro. Disse o Filipe, já a pegar nas pedrinhas.
- Oh avóoo, o Jaime, o Filipe e o Berto partiram-me um dente.
Splat, em cheio com a fuça no caldeirão da avó. Mais um dente a voar. A avó tinha pregado uma rasteira ao Paulo.
- Já vos disse que não quero correrias dentro de casa. Então vocês partiram o dente ao meu Paulinho? Ainda por cima a cola acabou, estive a mascar o último bocado. Todos para aqui em filinha.
Já sabíamos o que nos ia calhar, não valia a pena discutir. Quem tem o cajado na mão, geralmente é quem ganha. A faca e o queijo nem tiveram hipóteses. Não vale a pena entrar em detalhes, visto estes serem negros e cheios de Hema-toma. O raio da Hema é que nunca aparecia, tínhamos que ficar com o toma. Digamos só que o resultado foi que cada um de nós ficou também sem um dente.
- Agora ninguém se ri do Paulo, a não ser eu, e não se esqueçam de antes de dormir colocar os dentes debaixo da almofada.
- E porquê avó? Perguntei eu muito incrédulo a segurar sobre o dente derramado, com medo de represálias.
- Não me questiones. Arre, … Ide lá lavar as mãos pois o jantar está na mesa.
Comemos,… não, engolimos depressa só de pensar no que a avó nos tinha dito. Lá fomos então para a cama ansiosos com o que nos esperava. Estávamos muito bem a dormir, e nisto ouço um barulho. Ainda tentei acordar os outros, mas sem sucesso. O Paulo estava tão agarradinho ao Filipe que nem queria saber. Só me davam pontapés e chapadas para voltar a dormir. Nisto reparei num vulto que se aproximava das nossas almofadas.
- Quem vem lá? Só ouvi um suspiro a dizer bem alto.
- Está mas é calado antes que leves na cabeça. Volta a dormir pois a Fada dos Dentes está aqui para fazer uma troca.
Eu pensei que fosse o serviço de emigração, que vinha buscar um dos netos da avó. Um tal de João Doa, mas nisto reparo que essa entidade tinha uma coisa na mão em forma de varinha. Tentei aproximar-me, arrastando-me pela cama, e vi que era parecido com a varinha da avó. O cheiro a chocolate era inconfundível.
- Mas é a a…!!!
Nem o pensamento tinha acabado de se formular na minha cabeça, e nisto a cama acabou e o meu corpo cai estatelado no chão. Ainda tentei rodar a cabeça, para ver quem estava a meus pés, mas os meus sentidos deixaram-me só. Acordámos todos de manhã, eu no chão, e virei-me logo para o Paulo e para o Filipe.
- Esteve aqui alguém ontem à noite. Uma tal de Fada dos Dentes! E tinha a varinha da avó.
Nisto o Paulo interrompe.
- Ei, vejam o que temos debaixo das almofadas. É um dos dobrões da avó.
- Pois é meus netinhos, parece que a Fada dos Dentes veio cá a casa ontem à noite.
- Bute brincar lá fora para ver quem fica com mais dinheiro. Disse o Filipe, já a pegar nas pedrinhas.
- Vamos, eu também ajudo. Disse a avó com um sorriso sem dentes.
Jaime
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